sábado, 28 de maio de 2011

97- Venenos orquestrais breves: e de triângulo em triângulo se chega a um semicírculo...


A estante e os seus dois contrabaixistas formam um triângulo entre si.
Os contrabaixistas formam um triângulo com o maestro, e esses triângulos “preenchem” o semicírculo da montagem da orquestra no palco, como se tudo isso fosse um grande leque aberto, em que o maestro fica na parte de baixo, na metade da linha reta, para onde convergem todos os “triângulos“ da orquestra.

 Se a orquestra tocar sem maestro, proceda a divisão da estante como se houvesse um.

Detalhe: dividir a estante e se posicionar tendo um maestro como referência visual preservará os seus olhos e a sua coluna dos problemas causados com uma má divisão da estante, mesmo que você não vá olhar para o bonitinho sempre.

Agora, olhar para o maestro como referência musical nem sempre preservará você e a orquestra de resultados musicais medíocres e/ ou constrangedores.

Portanto, olho vivo no maestro de vez em quando e ouvido vivo na música sempre...


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96- Venenos orquestrais breves: ai bota aqui, ai bota aqui a minha estante... junto de mim!...


Para dividir uma estante entre dois contrabaixistas é importante lembrar que as orquestras são montadas em forma de U de cabeça para baixo, visto da platéia para o palco.

O naipe de contrabaixos pode se posicionar no palco de duas formas: em “meia-lua” ou em “fila”. Na “meia-lua”, uma estante de contrabaixo é posicionada do lado da outra, em semicírculo. Na “fila”, uma ou mais estantes são posicionadas atrás de uma ou mais estantes.

Quando o naipe de contrabaixo está em “meia-lua”, é importante acompanhar esse modelito também no posicionamento de sentar dos contrabaixistas, ou seja, numa mesma estante, um contrabaixista vai se sentar ligeiramente mais à frente ou mais atrás do outro contrabaixista.
Na estante seguinte, o contrabaixista da esquerda se alinha com o contrabaixista da direita da estante anterior, mas o imprescindível é que todos os contrabaixistas do naipe enxerguem bem o chefe de naipe e o maestro.

A partir do momento que um contrabaixista se senta mais à frente ou mais atrás que o colega da estante, para manter a curvatura do naipe é importante deixar a estante também inclinada, ou seja, a parte em que se lê fica paralela à linha reta imaginária traçada entre os dois contrabaixistas, lado a lado.

Para dividir melhor a estante entre os dois, sem que um fique mais prejudicado que o outro, é só mirar com a ponta do arco a cabeça do maestro (ou para o centro do palco).
A distância entre o talão do arco e a lateral da estante de cada contrabaixista tem que estar igual. Assim, a estante não ficará mais para a direita ou mais para a esquerda.

Quando o naipe está em “fila”, um contrabaixista também se sentará ligeiramente mais à frente ou mais atrás do colega de estante, devido à montagem da orquestra no palco, que é em forma de u de cabeça para baixo (ou de um leque aberto).

Seja em “meia-lua” ou em “fila”, tanto a angulação da estante quanto a disposição dos bancos de contrabaixo têm que ficar cômodas para os dois contrabaixistas, porque eles sempre precisarão ler a partitura e olhar para o maestro sem mexer a cabeça e com pouco movimento dos olhos.
O movimento dos olhos só será maior quando o contrabaixista estiver lendo a página oposta ao seu lugar.

Para atenuar o desconforto de dividir uma estante com outro colega, é necessário também regular a altura da estante, de forma que não seja necessário ficar deslocando os olhos da partitura para o maestro nas primeiras linhas, já que isso acontecerá naturalmente a partir da metade para baixo da partitura.

Mesmo assim, uma ida ao oftalmologista de ano em ano é recomendável e, é claro, a prática de exercícios físicos regulares, nem que eles sejam para desestressar...


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95- Venenos orquestrais breves: brigando na mesma estante...



No naipe de cordas de uma orquestra (violino, viola, violoncelo e contrabaixo) é costume se usar uma estante de música para cada dois instrumentistas.
Essa divisão é não só física, mas também funcional. No caso do contrabaixo, por exemplo, o contrabaixista da esquerda costuma marcar as arcadas, e o da direita costuma virar as partes (folhas da partitura) e isso é o inverso do que acontece no naipe dos violinos.

A divisão da estante entre os dois contrabaixistas costuma ser uma coisa incômoda, principalmente se ela for mal dividida, e pode demorar um tempo (ou nunca) até que os músicos se acostumem um com o outro.

Essa situação é quase um casamento, pois todos nós temos manias: tem colega que puxa a estante toda para si; tem colega que deixa para mexer na estante (para pior, é claro) na hora que o ensaio ou concerto vai começar e você não pode fazer nada; tem colega que se esquece de virar a página ou vira tão em cima da hora que quem está tocando perde algumas notas; tem colega que não marca as arcadas; tem colega que a-do-ra rabiscar as partes com dedilhados, setinhas e cobrinhas com lápis, e outros que infelizmente também gostam disso, mas com canetinhas coloridas, dentre muitas outras manias, que nem sempre são gostar de você...

Sou favorável à estante individual para os contrabaixistas, porque o tamanho do instrumento acarreta naturalmente uma distância maior entre os instrumentistas e a estante, o que não acontece com nenhum outro instrumento da orquestra: os violinos são pequenos e a distância entre os dois violinistas e a estante também é pequena, por exemplo. Os instrumentistas de sopro e os de percussão lêem em estantes individuais, e tanto faz se for um flautim ou uma tuba.

Por isso, penso que mais uma vez nós contrabaixistas somos prejudicados, assim como somos os instrumentistas mais prejudicados da orquestra com essa divisão de uma estante para cada dois contrabaixistas.

Isso como se já não bastasse carregarmos um instrumento pesado e termos que tocar mais forte para sermos ouvidos, ainda mais se estivermos sentados perto de uma tuba assassina (basta uma para cobrir um naipe de oito contrabaixos), ou algo equivalente, como uma fileira de quatro trompas psicopatas ou de três trompetes criminosos.

Até hoje só vi uma orquestra em que cada contrabaixista lia em uma estante exclusiva. Pena que essa idéia ainda não tenha dado filhote brasileiro...

Quanto à divisão de funções na estante, se você não quiser marcar as arcadas ou virar as páginas (contrabaixista assim existe!), talvez seja bom você se lembrar que tocar numa orquestra é um trabalho em equipe, e que lugar de faniquitos e chilicotes de solista é no camarim.

Agora, se você é a vítima do seu colega contrabaixista de estante folgado, pense que você é um contrabaixista e não um burro de carga, mesmo que para alguns leigos isso pareça a mesma coisa.

Uma conversinha sobre o assunto com o chefe de naipe costuma funcionar já que, como tal, ele deve definir funções tão bem quanto tocar, embora às vezes ele saiba definir melhor...
Felizmente, nessa hora (e infelizmente na hora da politicagem orquestral), isso não fará a menor diferença para você e para muita gente...


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94- Venenos orquestrais breves- sobre concertos sem cachê


Quando se é chamado para tocar em orquestras sinfônicas ou de câmara, principalmente as amadoras (mas não só elas), às vezes, existem algumas frases assim:

“... A situação está difícil e não vai ter cachê desta vez...”;
“... É um concerto sem cachê, para que futuros patrocinadores avaliem o potencial da orquestra...”;
“... Nesse concerto não haverá cachê, mas os próximos terão com certeza...”.

Para mim, uma coisa é você ter um grupo (duo, trio, quarteto) que toca de graça em entidades filantrópicas (asilos, hospitais, etc.); outra é você ser chamado para tocar de graça numa orquestra.

A logística para uma orquestra se apresentar tem sempre um preço elevado (transporte, divulgação, cachê do maestro, montagem do palco, iluminação, sonorização, aluguel do teatro, etc.).
Acho no mínimo estranho que falte dinheiro para o músico e não falte para as outras coisas.

Depois de tocar em algumas orquestras sem cachê e de ver o carrão importado novinho do maestro de uma delas, entre outras coisas, cheguei à conclusão de que, se você não recebe pelo que toca, alguém recebe por você.

Muitas orquestras são criadas com promessas de um futuro promissor, mas não passam de um trampolim para o maestro mostrar currículo para bolsas de estudo no exterior ou para concurso, etc, e, portanto, não sobrevivem a mais um concerto.

Portanto, deixe o sonho ou o embuste da futura nova orquestra ou da orquestra não-nova para o maestro, e a realização de uma ou de ambas as coisas para a equipe de produção da dita, sem abrir mão do seu cachê.
Isso porque o trabalho musical vai ser seu, a decepção se o projeto não vingar vai ser sua, a indignação de ver outros colegas serem chamados no seu lugar se a orquestra continuar também vai ser sua...

Detalhinho: com cachê, procure sempre se precaver assinando contrato. Ele não é garantia de que você vai receber o dinheiro, mas é garantia de que você poderá lutar por ele até ele aparecer ou não, coisa impossível de acontecer sem contrato.

Pense que maestro pobre é uma questão de falta de mídia, que contrabaixista rico é uma questão de loucura, que contrabaixista pobre é um problema de concorrência, que contrabaixista bobo é só uma questão de papo e que o calote é universal.


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93- Venenos orquestrais breves- músicos e orquestras jovens e os concertos sem cachê


Quando se fala em orquestra jovem, a denominação “jovem” pode levar a gente a pensar erroneamente que é uma orquestra de músicos fracos e inexperientes, mas a qualidade dessas orquestras é quase sempre surpreendente e interessante.

O trabalho feito em muitas dessas orquestras é de alto nível e o ingresso em muitas delas é através de concursos cada vez mais difíceis e concorridos.

As orquestras jovens são um ótimo “estágio” para as orquestra profissionais, porque nelas são trabalhadas importantes obras do repertório orquestral.

Além disso, nelas o jovem músico passa a se ambientar com a regência de um maestro, a ter as primeiras e essenciais noções de disciplina em ensaios e apresentações e a conviver com horários e disciplina rígidos.

Há grandes orquestras sinfônicas que mantêm uma orquestra jovem sob sua “custódia”.
Muitos músicos dessas orquestras jovens –geralmente os melhores- passam depois a ser requisitados para ensaios e concertos na orquestra sinfônica “matriz”.

Dentro dessas orquestras profissionais, os jovens músicos aprendem muitas coisas e se aperfeiçoam.

Muitos começam suas vidas profissionais nessas orquestras assim, recebendo a bolsa somente da orquestra jovem em que tocam e fazendo eventuais concertos na orquestra profissional vinculada à orquestra jovem, sem receber nenhum adicional financeiro por isso, até que um concurso os faça ingressar “oficialmente” na orquestra profissional.

Infelizmente, nesse caso, tocar sem cachê “faz parte” do processo...

Agora, existem orquestras amadoras ou semi-profissionais que chamam os jovens músicos para tocar sem cachê ou com cachês baixíssimos, com a promessa de que os chamarão quando houver como pagar um cachê ou um cachê melhor, mas minha experiência diz que, quando há dinheiro suficiente para um cachê razoável ou bom, as orquestras chamam mesmo os músicos profissionais.

Portanto, se o músico jovem achar que deve tocar num concerto desses, que pense na vantagem disso (estar no mercado de trabalho, ganhar mais experiência, etc.), já que muitas vezes não há programa, ou seja, não há nem como comprovar a presença na orquestra para efeito de currículo, assim como tocar em um ou mais concertos não é garantia de lugar fixo nessas orquestras, principalmente quando há dinheiro em jogo.


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92- Venenos orquestrais breves- 1º contrabaixo


O primeiro contrabaixista de uma orquestra é o chefe de naipe dos contrabaixos.

Função: manter a ordem no naipe; marcar as arcadas; eventualmente escolher um dedilhado padrão para algum trecho orquestral; definir o revezamento de contrabaixistas, as folgas e as reduções (quando a peça executada terá um pequeno número de contrabaixistas ou um número menor que o contingente de contrabaixistas do naipe); contar todos os compassos de pausa; liderar musicalmente o naipe, conduzindo todas as entradas do mesmo; servir de referência para os outros contrabaixistas tocando, se possível, um pouco mais forte.

Em orquestras profissionais, o cargo de primeiro contrabaixista é usualmente conquistado mediante concurso, mas pode ser também por indicação do maestro, e tem um percentual a mais no salário.

Em orquestras amadoras, usualmente esse cargo é conquistado por indicação do maestro, mas pode ser conseguido também mediante um consenso entre os contrabaixistas do naipe que podem optar tanto pelo contrabaixista que toca melhor, como por um revezamento de chefes de naipe ou pelo contrabaixista com mais experiência.

O concertino é o contrabaixista que senta ao lado do primeiro contrabaixista na 1ª estante. O cargo também é conquistado da mesma forma que o de primeiro contrabaixista, e também tem uma remuneração extra, porém em menor proporção.

Uma orquestra sinfônica pode ter de cinco a dez contrabaixistas, mas o mais usual são oito contrabaixistas.

Um naipe de contrabaixo de uma orquestra sinfônica pode ter até dois chefes de naipe, que se revezam, e até dois concertinos, que também se revezam.

Na orquestra, há uma hierarquia que é sempre respeitada: no topo da pirâmide, o maestro. Logo abaixo vem o spalla da orquestra, seguido dos chefes de naipes, dos concertinos e na base da pirâmide fica o tutti orquestral.

Na orquestra, como em qualquer tipo de trabalho, deveria haver sempre uma ética a ser seguida e respeitada, mas muitos dos cargos, principalmente os preenchidos sem concurso, são cargos musicais e ao mesmo tempo políticos.

Nem sempre o maestro é competente ou educado, nem sempre o spalla sabe se colocar do lado da orquestra em impasses profissionais, e nem sempre o chefe de naipe é o melhor e/ ou o mais eficiente músico do seu naipe, assim como nem sempre sabe representar ou defender os seus colegas ou ser honesto com eles nas conversas secretas de camarim com o maestro e/ ou com a administração da orquestra.

Mas isso o público não precisa saber e a música deve continuar...



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91- Venenos orquestrais breves- afinação


Em um naipe de contrabaixos basta um contrabaixista desafinar, para o naipe soar desafinado.

Na hora da desafinação, a tendência natural é a gente querer tocar mais forte, mas a solução mais sensata e eficaz é o contrário: tocar mais piano (com menos volume) para ouvir a orquestra e o naipe e procurar se encaixar.

Agora... se o naipe tiver mais de dois contrabaixistas completamente desafinados, ou se a orquestra estiver caótica e/ ou se o maestro estiver perdido, não faça cara feia e não ria!

Faça mímica e pense positivo, pois quem se perde um dia se acha, não é mesmo?
E aproveite o momento cheio de poesia sonora para torcer bastante para que a música acabe logo e para que não haja conhecidos na platéia...


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sexta-feira, 27 de maio de 2011

90- Se meu contrabaixo falasse: interpretação X personalidade



Não deveríamos limitar a interpretação de uma música à nossa própria técnica, assim com não deveríamos limitar a interpretação de um estilo musical à nossa personalidade.

Se você não sabe fazer bem notas ligadas em cordas diferentes e a música está escrita assim, o que você faz: desliga as notas? Faz um dedilhado em que não seja necessário mudar de corda ou estuda a passagem com as tais notas ligadas em cordas diferentes até a dita sair?

E se você é tímido e não consegue “colocar para fora” aquela interpretação super-expressiva de uma peça romântica?

E se você é uma pessoa muito extrovertida e que se sente “presa” ao tocar uma peça clássica, por não conseguir tocá-la sem aqueele seu vibrato lindo, carregado de sentimentalismo e bem-acompanhado de arroubos românticos?

E se você se sente incapaz de tocar uma peça em que vem pedida uma dinâmica “forte”, porque se acha uma pessoa muito meiga? E se vem escrito “piano”, mas você não consegue parar de amassar o contrabaixo com a sua personalidade cheia de personalidade?

Bem, nem sempre uma dinâmica forte quer dizer uma interpretação agressiva, e nem sempre uma dinâmica em piano (suave) quer dizer uma interpretação doce, estamos combinados?

Pense agora no som que você pode não estar conseguindo tirar e, antes de ver a grama verde do seu vizinho contrabaixista, faça uma análise rápida e indolor de você mesmo. Você pode estar "transferindo" a sua personalidade para o contrabaixo.

Portanto, sempre podemos cair em nessas “armadilhas” pré-fixadas por nós mesmos, porém o estudo bem direcionado do instrumento e da Música tem como um dos seus objetivos a oportunidade de entender a Música e os seus estilos musicais para que tenhamos, a partir disso, liberdade para interpretá-los.

Nós sempre lutaremos contra as limitações de volume e de timbre do contrabaixo, que não tem os recursos de uma voz ou de um violino, mas essa é uma luta saudável, que faz o contrabaixista procurar uma forma de se aproximar do som dos seus sonhos, quer seja por admiração, quer seja por inveja.

Muitas vezes também seremos “obrigados” a tocar diferentemente da nossa personalidade, porque a música pedirá isso, e sempre seremos convidados a rever os nossos valores interpretativos, que podem mudar com o aumento do nosso conhecimento musical, com a compreensão da nossa personalidade, com a melhoria da nossa técnica contrabaixística e/ ou com o nosso amadurecimento pessoal e musical. Viva a diferença!

Com isso, quero fazê-lo ver que estudo, personalidade e interpretação são componentes ativos da vida de um músico e que dosá-los conscientemente é uma das formas mais gratificantes de se sentir músico.


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89- Se meu contrabaixo falasse: alguns “clichês” de interpretação...


No contrabaixo existem alguns “clichês” de interpretação, que podem ser seguidos ou não, dependendo do que vai ser tocado e como vai ser tocado:
a) De um modo geral, toca-se quase tudo com as notas um pouco mais separadas (secas), porque o som grave do instrumento costuma “embolar”;

b) Nota longa ou de duração maior que a nota seguinte é tocada mais curta, para que ou o arco tenha tempo de voltar sem atrasar a emissão da nota seguinte, ou para que a articulação da nota seguinte não fique prejudicada com a ressonância da nota longa anterior;

c) Nota curta que precede nota longa é tocada a partir da metade do arco ou menos, para que haja arco suficiente para a emissão da nota longa;

d) O dedilhado que você escolher para tocar uma peça expressiva ou lenta poderá mudar se a peça for mais técnica ou rápida, porque o dedilhado interpretativo não tem a mesma função do dedilhado técnico;

e) O vibrato é feito após a execução da nota e não junto com o início da nota;

f) Glisses (aquele escorregar de dedos em que se ouvem várias notas) devem ser evitados, salvo se houver indicação na partitura, mas os portamentos, que são glisses bem curtos e rápidos, às vezes ficam bonitos, quando executados bem próximos à nota de chegada, e desde que não haja excesso deles;

g) Notas iguais repetidas podem dar a idéia de ênfase e, portanto, serem mais valorizadas, ou dar a idéia de terminação e executadas com um diminuendo;

h) Os tempos fortes e fracos da música devem ser respeitados. Se houver indicação de acentos, estes também devem ser respeitados. Caso você esteja acentuando as notas erradas, procure ver se você percebe isso quando toca ou quando canta o trecho. Depois, veja se você não está dividindo mal o arco. A acentuação errada pode ser um problema de percepção e/ou um problema técnico;

i) Existem “respirações” de articulação, quando é preciso tocar uma nota mais curta para dar tempo de esclarecer a nota seguinte, e existem as respirações de frase, quando é preciso finalizar a frase, dando um acabamento que pode ser um pequeno diminuendo, seguido de uma pequena pausa, ou de um diminuendo maior, seguido de uma pequena pausa. Em ambos os casos, a pequena pausa é feita na nota que finaliza a frase, que soa um pouco mais curta;

j) Passagens que podem ser feitas subindo pela 4ª corda devem ser evitadas, em detrimento da mudança brusca de timbre do instrumento, principalmente na região aguda desta corda, assim como passagens na região aguda da 3ª corda também devem ser evitadas, principalmente se forem expressivas, embora em passagens rápidas algumas vezes sejam mais cômodas e não interfiram no resultado;

k) Muito cuidado com as cordas soltas, especialmente a 1ª corda e/ ou quando você precisar de notas expressivas, porque elas podem soar “abertas” demais e dar a impressão de um buraco na frase;

l) Evite fazer um crescendo no fim das frases, salvo se escrito ou necessário;

m) Como o contrabaixo não tem a projeção de uma voz humana ou de um trompete, faça uma dinâmica mais para cima se você for tocar acompanhado sem amplificação; especialmente se você for fazer um solo;

n) Na maioria das vezes, a frase musical que se repete (quando há o sinal de ritornelo), é executada com uma dinâmica mais suave;

o) Na execução de ritmos repetidos (colcheias, semicolcheias, etc.), convém evitar marcar todas as notas, para que o resultado musical não fique escolástico. Procure dar um sentido à frase, valorizando ligeiramente a primeira nota do primeiro tempo de cada compasso e/ ou onde se fizer necessário, e NUNCA acentue os contratempos, salvo se indicado ou necessário;

p) Não comece uma nota e faça um crescendo desnecessário nela, nem comece uma nota, cresça a bonitinha para, logo em seguida, decrescê-la desnecessariamente. Esse recurso, chamado de “barriga”, se não usado com moderação, passa batido da categoria de interpretação para vício de execução;

No mais, interpretação é o que você fala, mostra, conta, rebate, frisa, fica em dúvida, dá opções, sonha, fantasia, grita, se conforma e galanteia no instrumento, entre outras sensações.

Mas nada disso seria, é, ou será possível sem um princípio básico: a respiração.
Dane-se se você acha que só quem respira é cantor, pois sinto te dizer que qualquer instrumentista respira, que o instrumento respira, que a música respira!...

O contrabaixo respira, o arco respira, o pizzicato respira...
Portanto, não existe frase sem respiração, não existe fraseado sem respiração.

Sem respiração, não há interpretação, não há Música...


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88- Se meu contrabaixo falasse: aspectos técnicos rápidos de interpretação.



A parte técnica da interpretação no contrabaixo depende de algumas coisitas:

a) Dedilhados: um dedo pode ser mais expressivo que outro em determinada passagem, ou mais rápido, ou ter menos mudança de posição com determinado dedo, etc;

b) Timbre: tocar o trecho numa mesma corda para não haver mudança de timbre, ou conseguir um timbre mais agressivo tocando mais perto do estandarte, ou um som mais doce tocando mais perto do cavalete, etc;

c) Vibrato: mais amplo nos graves, pois vibrato rápido no grave pode não aparecer ou mais rápido nos agudos, com velocidades diferentes, mais regular, etc;

d) Articulação: notas que soam mais curtas, notas que soam mais longas, notas ligadas, notas separadas, etc;

e) Golpes de arco: movimentos do arco que serão feitos para executar determinada articulação. Por exemplo: duas notas ligadas seguidas de duas notas separadas podem ser executadas com o arco para baixo nas notas ligadas e com um arco para cima e outro para baixo nas notas articuladas, assim como também podem ser executadas de outras formas, como com o arco para baixo nas notas ligadas e com as duas notas separadas para cima, articuladas na mesma direção do arco, mas com uma separação (pausa) entre elas, etc.
Esses golpes de arco têm nome: legato, stacatto, détaché, etc, e a escolha deles também está vinculada ao estilo de época da música;

f) Mudanças de ponto de contato, velocidade e pressão do arco: experimente tocar uma música com o arco sempre no mesmo lugar da corda –pode ser no meio da corda- com a mesma velocidade – notas longas com o arco inteiro e notas curtas proporcionais- e com a mesma pressão nas cordas. Ficará tudo mecânico, com o mesmo volume e timbre de som.

Em um trecho da música isso até pode ser feito, mas numa música inteira você ganhará, graças à inexpressividade exemplar, o troféu “Bocejo de Ouro”, ainda mais tocando contrabaixo e, principalmente, se o repertório escolhido não sair da região grave.


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87- Se meu contrabaixo falasse: aspectos rápidos de interpretação



Interpretação é a forma técnica que escolhemos para expressar nossos sentimentos na música através do instrumento, e que também usamos para valorizar as passagens musicais.

A interpretação está diretamente ligada ao estilo da música e também ao estilo de época em que ela foi escrita, sendo que, mesmo com as “convenções interpretativas” usadas, tanto o estilo da música quanto o estilo de época em que ela foi composta podem sofrer algumas modificações relacionadas à contemporaneidade da época em que a música está sendo executada.

Muitas das “tradições” da interpretação nos foram passadas oralmente ou musicalmente de professor para aluno ou através de livros. A falta de registros sonoros anteriores à invenção do gravador, não nos deixa afirmar com 100% de certeza que aquela determinada música era realmente executada de determinada forma no século XVIII, por exemplo.

Primeiramente, devemos especificar o estilo a que pertence a música a ser executada: erudita, popular, jazz, chorinho, blues, etc.
Todos esses estilos têm a sua própria linguagem de interpretação e essa linguagem é bem definida e específica.

Você até poderá misturá-las, mas conscientemente, porque poderá causar estranhamento para quem ouve, uma música popular executada com vibrato lírico excessivo e/ ou com a regularidade rítmica (sem o suingue) da música erudita, por exemplo.

O mesmo acontecerá com uma música erudita executada com acentos não escritos, que são freqüentes na música popular, ou na execução de um chorinho “carregado” de sons expressivos, que tiraria a leveza da música, ou de um improviso jazzístico escrito e também tocado ao pé da letra.
Mesmo com todas as “convenções interpretativas” usuais, a música está sujeita à contemporaneidade em que o artista vive.

A despeito dos livros que tratam de interpretação de música antiga e das tradições musicais, muitos músicos e grupos de música erudita fazem uso da interpretação não-usual, como quando interpretam peças do período clássico de forma romântica e com excesso de expressão, por exemplo, seja por falta de conhecimento musical, seja por opção pessoal, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais próxima de uma parcela de ouvintes, seja porque essa forma de interpretação torne a música mais vendável, etc.

Na música popular é possível notar uma expressiva diferença de interpretação entre as músicas de 30 ou 40 anos atrás e as releituras mais atuais, tanto no vibrato e no portamento dos cantores, como no timbre e na escolha dos instrumentos, por exemplo, entre outros aspectos.
Não há uma unanimidade no que diz respeito à interpretação musical: há um consenso, que pode ser seguido ou não.

Ignorâncias e/ ou excentricidades á parte, penso que uma boa dose de conhecimento musical e outra boa dose de bom-senso sejam essenciais para que a interpretação de uma peça não descambe para a breguice desnecessária ou para a inexpressividade também desnecessária.

Note que, em determinadas situações, a breguice é necessária, como ao interpretar alguns clássicos da música popular, ou na execução de alguns clichês açucarados da música erudita ou de alguns trechos de ópera. Em outras situações, a inexpressividade também pode ser necessária, seja para dar um toque “frívolo” à música, como para diferenciar um trecho musical de outro mais expressivo.

Não sou purista, mas penso que não dá para executar uma obra de Mozart da mesma forma que uma obra de Verdi ou de Tchaikovsky, etc.
O conhecimento dos estilos musicais também torna o músico menos limitado e monótono, pois não existe nada mais chato que alguém que toca música barroca igual à música clássica ou romântica, ou que toca uma música igual à outra, seja por falta de conhecimento musical, seja por falta de técnica no instrumento.

Não adianta conhecer estilos e não ter técnica musical para colocar todo o conhecimento em prática.
Quando se inicia o estudo de um instrumento é óbvio que vai faltar técnica e talvez também o conhecimento musical, mas isso se aprende com o tempo.

Pense que se você resolveu estudar contrabaixo é porque é uma pessoa de estilo e espere os outros estilos e a técnica darem as caras.


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86- Blá-blá-blá sobre a mão direita (arco)...



É muito importante relaxar aquele "mocotozinho" que fica debaixo do polegar: aquela parte gordinha da mão.

O peso do arco é dado pelo peso do seu corpo.
Ele vem das suas costas, passa pelo seu ombro, desce pros braços e vai para os quatro dedos, que por fim "descansam" na vareta do arco.
O polegar é "pau mandado": só serve de apoio e para dar direção ao arco, ou seja, ele não aperta o talão.
Ao apertar, ele estará "lutando" com o peso dos quatro outros dedos e também do braço e do corpo todo.
Lembre-se que o peso é feito de cima para baixo.
Para que deixar o pobre do polegarzinho sozinho nessa, não é?

Um dedo duro sempre "delata" um ombro contraído.
Preste sempre atenção no seu ombro direito e, sempre que possível, ao equilíbrio dos dois ombros.

O contrabaixista quando senta ou toca em pé, usa o corpo ligeiramente inclinado para frente. Ligeiramente mesmo, tipo 2 cm no máximo.
Isso faz com que o peso do corpo se desloque para frente.

De "bônus", esse deslocamento do peso do corpo acrescenta um pouquinho mais de "comprimento" aos seus braços.

Faça o teste: sentado em frente ao computador, estique a sua mão (qualquer uma delas) ao máximo, e a deixe encostada na lateral do monitor. Agora incline um tiquinho o seu corpo para frente. Viu como a sua mão também estica?
Sabe o que isso significa?

a) Algumas notas a mais com a mão esquerda na região aguda do instrumento;
b) Alguns centímetros a mais de braço para esticar o arco.
Aproveite isso, porque para fazer notas longas estamos sempre em desvantagem, já que o arco de contrabaixo é mais curto que o do violino, o da viola e o do violoncelo...

Ao puxar o arco é importante sentir o movimento das escápulas trabalhando.
O braço direito nunca fica esticado completamente, e sim ligeiramente flexionado, procurando "repousar" sobre o contrabaixo o mais natural e relaxado possível.
Dessa forma, você sentirá o braço "pesado".
É esse peso que faz o som do contrabaixo...


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85- Eu acho que vi uma bolinha passar por aqui! (sobre claves e leitura...)


Quando se começa a estudar um instrumento é importante também começar a ler e a tocar na clave mais usada pelo instrumento escolhido e, futuramente, ler e tocar na(s) outra(s) clave(s) também utilizadas pelo instrumento escolhido, mesmo que você ache que já chegou ao seu limite de conhecimento no instrumento e/ou que jamais vai topar com uma clave daquela na sua vida... Nunca se sabe a partitura de amanhã...

Existem instrumentos melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso somente de uma clave, como o violino, o flautim, o trompete, etc.
Existem outros instrumentos também melódicos (que tocam uma nota de cada vez) que fazem uso de mais de uma clave, dependendo da região da nota a ser executada (grave, média ou aguda), como o contrabaixo, o violoncelo, etc.
E existem também os instrumentos harmônicos (que tocam mais de uma nota ao mesmo tempo), que fazem uso de duas claves simultâneas, como é o caso do piano, do cravo, da harpa, etc.

Começar a ler na clave do instrumento incomoda no início, especialmente quando é o seu primeiro instrumento.
Ler bolinhas é um saco, ainda mais quando, para você tocar aquela música misteriosa, você depende do raio da leitura. "Acho que eu vi um sol!... Ou será um si? Já sei: é um lá!". No meio desse tiroteio, aprenda a contar bolinhas. Ou você acha que a sua vida seria sempre contar carneirinhos na hora de dormir?

Eventualmente, pode haver um pouco de confusão mesmo quando já se tem alguma fluência na leitura, principalmente quando se opta por mudar de instrumento e as claves são diferentes, ou quando chega a hora de tocar no seu próprio instrumento notas em outra clave. No fim dá tudo certo, e se não der, você volta e lê de novo até aprender...

Para evitar problemas futuros, como ficar quase vesgo ao tentar descobrir que raio de bolinha preta é aquela que insiste em dançar enquanto você toca para ela, uma ida ao oftalmologista costuma ser uma boa dica.

As partituras para contrabaixo acústico podem ser escritas em até três claves: fá, para a região grave; dó (na 4ª linha), para a região média; sol, para a região aguda.

As claves mais usuais são as de fá e de sol mas, por exemplo, quando uma peça escrita fica por muito tempo na parte "aguda" da clave de fá, é preferível usar as claves de dó ou de sol, assim como quando uma peça fica muito "aguda" na clave de dó, é preferível usar a clave de sol, para que sejam evitados aqueles tracinhos colocados fora das linhas, mas que fazem papel de linhas também, as chamadas linhas suplementares.

Nesses casos, é mais fácil de ler a música mudando de clave, do que tendo que contar as linhas! O mesmo acontece com quando tem muita nota "grave" escrita na clave de dó, que pode passar para a clave de fá, ou quando tem muita nota "grave" na clave de sol, que pode passar para a clave de dó ou para a de fá.

Por exemplo, imagine a clave de fá. Pense na nota si, que fica acima da última linha escrita. Depois disso, é escrita a primeira linha suplementar superior, para que seja colocado o dó seguinte. Supondo que se queira tocar uma escala de dó a partir daí, naturalmente vai ficar bem mais fácil de ler se você passar as notas para a clave de dó ou para clave de sol, evitando assim tocar o sol na terceira linha suplementar superior da clave de fá, ou o lá no 4º espaço suplementar superior, etc.

Note que para mudar de clave nem sempre é necessário haver muitas notas suplementares. Existem partes escritas para o contrabaixo acústico em clave de fá em que, de repente, aparecem duas notas na clave de dó ou de sol, e depois a música volta para a clave de fá, indo assim até o fim, etc.

Quando se lê uma parte computadorizada, em que todos os espaços e linhas superiores são padronizados, ainda é possível ler um festival inútil de notas suplementares, mas quando se lê partes manuscritas, às vezes é quase impossível de se tocar claramente numa primeira vista...

Acho também importante que você toque a música na altura em que ela foi escrita. Usualmente, uma parte escrita na clave de sol é para ser tocada na parte aguda do contrabaixo.

O contrabaixo acústico tem uma particularidade em muitas das partes escritas para solo: quando vem escrito "suono reale" ou "som real", é para ela ser tocada uma oitava mais aguda do que está escrito. A grosso modo, isso quer dizer que você estará lendo para contrabaixo e ele estará soando como um violoncelo.

Se é para estudar contrabaixo com partitura, acho imprescindível que a leitura seja adequada ao instrumento, não só para que você tenha fluência naquilo a que se propôs a fazer, como também para que não haja dificuldade quando você for chamado para tocar por partitura em outros lugares.

Em gravações, por exemplo, às vezes é feita uma leitura rápida da música e já grava.
Se você for substituir de última hora algum músico em show, dificilmente vai rolar um ensaio exclusivo para você. Quando muito, dá para dar uma passadinha antes do show, e só...
E se as partes estiverem escritas e você não tiver fluência na leitura?
Em casamentos, nunca há ensaio, e em orquestras “imprevistos” também acontecem e você pode ser obrigado a ler uma parte nunca d’antes vista... durante o concerto!

Para conseguir material para contrabaixo, existe muita coisa nos 4shareds e rapdshares da vida, ok?


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84- Suono reale (som real): Existe? É contagioso?


”O contrabaixo acústico tem uma particularidade em muitas das partes escritas para solo: quando vem escrito "suono reale" ou "som real", é para ela ser tocada uma oitava mais aguda do que está escrito. A grosso modo, isso quer dizer que você estará lendo para contrabaixo e ele estará soando como um violoncelo.”

Só mais um detalhe sobre isso...
O contrabaixo é um instrumento muuuuito grave. Ele soa uma oitava abaixo do que está escrito, ou seja, quando se lê uma nota qualquer, ela estará soando a mesma nota, só que oito notas mais grave.

Para se escrever uma parte para contrabaixo só com notas graves, em que fossem soadas as notas na altura real, seria necessária a criação de uma outra clave ainda inexistente, pois as notas graves na clave de fá teriam que ser escritas somente em linhas e espaços suplementares inferiores.

Por isso, para que a nota seja tocada na altura real em que está escrita (suono reale) é necessário que o contrabaixo não soe uma oitava abaixo como de costume. Daí, ela é executada uma oitava acima.

Como escrevi anteriormente, esse recurso é utilizado em peças para solo, em que são explorados recursos mais virtuosísticos do instrumento, sendo a região aguda mais frequentemente usada para isso.

Em qualquer outra situação, o contrabaixo soa sempre uma oitava abaixo do que está escrito, ou seja, quando se lê uma nota qualquer, ela estará soando a mesma nota, só que oito notas mais grave.


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83- Sobre afinação, memória e fosfosol...



(Como o texto está bem longe de ser “científico”, usarei aspas para denominar algumas das memórias abaixo)

Antes da música chegar aos dedos, ela passa pela sua cabeça, que dá os direcionamentos necessários (e às vezes desnecessários) para você tocá-la.

Antes da música sair do “coração”, ela fez um longo estágio na sua cabeça também...
“Papagaio come milho e periquito leva a fama”, conhece?
Pois é, a sua cabeça comeu o milho e o seu coração levou a fama...

Conclusão: a parte mais musical de você não é a mão divina ou o coração de manteiga, etc: é a cabeça (de cima) mesmo...

Quem tem cabeça, tem memória e a cabeça de um músico é "multifuncional": tem várias memórias...

Um instrumento para ser tocado e/ou aprendido depende dessa série de memórias, que atuam em conjunto para que isso aconteça.
A afinação também é consequência disso.

a) memória auditiva: quando você procura tocar o que já ouviu. É a memória do som que está dentro de você;

b) memória espacial: quando você procura deslocar a mão dentro de um espaço pré-estabelecido para que uma determinada nota soe. É a memória que está nas proximidades físicas de você;

c) memória visual: quando você “decora” um movimento e/ou uma imagem e procura repeti-los. É a memória que está interligada ao que você já viu.
OBS: a técnica do instrumento está diretamente relacionada a essa memória, e a afinação está indiretamente relacionada a ela.
Ex: quando você visualiza internamente uma forma para as mãos, você a torna um padrão a ser seguido. A afinação será decorrente disso, porque mãos organizadas têm uma chance maior de produzir notas afinadas;

d) memória “temporal”: quando você calcula o tempo necessário para que a nota soe. Ela está diretamente ligada à memória espacial e à memória “física”.
Ex: na execução de notas rápidas, os dedos têm que chegar ao local mais rápido, ou seja, elas têm um tempo certo para acontecer, mas para que isso realmente ocorra, é necessário que você também desloque a mão mais rapidamente;

e) memória sensorial: quando você toca e o som produz uma sensação de “já ouvi isso antes”, que é bem anterior à sua consciência musical (quando você era bebê, estava na primeira infância ou mesmo dentro da barriga da mamãe);

f) memória “cultural”: quando você toca de acordo com tudo que já ouviu.
Essa memória é muito abrangente: pode ser da música que a sua família e/ou você ouvem ou da forma que a música é executada dentro de casa ou por outras pessoas, ou da música que os meios de comunicação transmitem, etc.
OBS: essa memória é decorrente de todos os sons que você ouve, gostando ou não: é involuntária;

g) memória “seletiva”: quando você ouve o que quer e/ou precisa e toca de acordo com isso que já ouviu.
OBS: quando você ouve sempre um determinado estilo de música, se você não o fizer de forma consciente, acabará influenciado com a afinação do que costuma ouvir, e executará uma música dentro desses padrões de afinação.
Se a música não for de “qualidade” e você só precisar tocar esse estilo na vida, você será um músico afinado para você mesmo e para as pessoas que ouvem somente esse tipo de música. Agora, se você precisar tocar outros estilos e/ou para pessoas que ouvem outros estilos, você poderá ser considerado um músico desafinado;

h) memória “física”: quando você utiliza se utiliza dos resultados de variantes de peso, pressão e velocidade sobre o seu corpo, que já estão condicionados em você, para modificar a afinação.
Ex: quando você quer executar determinada passagem e percebe que para afiná-la melhor terá que aumentar a pressão dos dedos sobre as cordas, porque você já passou por isso antes;

i) memória “corporal”: é aquela que faz você não trocar os dedilhados ou perceber que o ombro está tenso ou que tem que usar alguma parte específica do corpo para tocar.
Antes de afinar ou mesmo de se preocupar com a afinação, você precisa começar a aprender o instrumento.
Saber o que é mão, dedo, braço, ombro, costas é óbvio e essencial para isso.
Saber usar tudo isso e/ou perceber as eventuais ou constantes falhas das funções corporais no instrumento é mais um condicionamento;

j) memória “associativa”: é quando você faz associação com alguma regra ou alguma outra coisa para afinar.
Ex: quando na hora de tocar determinado trecho você o associa mais ao dedilhado ou a outras notas do que propriamente às notas reais (Dó -dedo 1; Ré dobrado bemol –dedo 1; Si sustenido – dedo 1= a Dó – Dó- Dó= 111).
Ou quando você afina melhor aquele trecho quando você o associa a outra música;

k) memória “afetiva”: é aquela que faz você associar sentimentos e situações passados na hora de tocar.
Ex: uma lembrança emocionante pode fazer um cantor e/ou um instrumentista “saírem da estrada” durante uma apresentação.

Já disseram “você é o que come”, mas em Música, acho que você é o que ouve e está o que toca.
Quero dizer com isso, que o que você ouve, você leva para a sua vida inteira, mesmo que fique surdo, e tocará de acordo com isso enquanto permanecer músico ativo.
Haja memória... e fosfosol, não é??!!


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82- Sobre afinação e pinguins...



Penso que a Música é um importante meio de comunicação e expressividade entre você mesmo, entre as pessoas e/ou entre o músico e o meio em que ele vive, e que a afinação é mais um condicionamento musical, só que com um objetivo bem amplo: facilitar a compreensão da música.

Embora eu pense que a Música sirva para o seu “eu” se entender melhor, acredito também na função social dela e que, um dia, você ainda tocará para alguém, mesmo que não queira.

Você pode dizer que está se lixando para o mundo e que só toca para você mesmo e para mais ninguém e, ainda assim, estará usando a Música para demonstrar alguma coisa.

Ex: mesmo que você se tranque no quarto, para que ninguém interfira no seu momento pessoal de fazer música, você estará transmitindo às pessoas o seu desejo de ficar só, e isso é uma forma de se comunicar, de expressar os seus sentimentos.
E se o som vazar, você poderá também transmitir outros sentimentos, até bem mais “musicais”, às outras pessoas -à sua revelia, é claro- principalmente se esse som estiver afinado.

O mesmo acontece se você quiser ir para a Patagônia tocar para os pingüins: com essa atitude, você estará dizendo às pessoas que você quer ficar só e/ou conhecer novos lugares e/ou que precisa de paz, e concretizará esses desejos quando estiver fazendo música para a bicharada, muito embora eu ache que o público, por ser menos especializado, não dará a mínima para a sua afinação. Êba!!!

Bem, mas o jeito é encarar de frente o problema da afinação, até porque, viajar com o acústico para a Patagônia para poder tocar desafinado livremente para os pinguins é coisa de excêntrico rico.
Você já imaginou o que teria acontecido com música brasileira se o João Gilberto tivesse ido cantar “Desafinado” só para os pingüins?
Por outro lado, penso que exportar alguns cantores e duplas de cantores para a Patagônia...ãhn-ãhn... Deixa para lá...

Agora repare uma coisa: mesmo que você toque trancado num quarto ou isolado numa reserva ecológica na África, você sempre tentará tocar afinado, dentro dos padrões de afinação que você conhece.

Mesmo que você nessas horas se desligue do mundo e ligue a teclinha do efe-se para a afinação, ela apitará naquela passagem que soar “esquisita” para você porque, no que se refere à afinação, a gente procura tocar como está acostumado a ouvir.

Na hora em que você escorrega a mão para executar músicas ocidentais e toca o que vier, fazendo valer todo o seu passado árabe ou a sua admiração pela música indiana, pode ter certeza de que foi um momento experimental e/ou esporádico, porque a sua memória musical não deixará isso se tornar constante.

Dificilmente, você conseguirá completar o seu propósito expressivo de transmitir alguma emoção específica ao tocar para outras pessoas, se o fizer completamente desafinado, e aí a sua tentativa de comunicação será modificada nesse momento.
Ex: numa música lenta e expressiva, na qual você quer expressar nostalgia, você também pode, com sucessivas desafinações, se tornar motivo de risada ou de preocupação constante do público com a sua execução.

A afinação é uma das formas de aprimorar o que a Música faz, essa "sintonia" com você mesmo, com as pessoas e/ou com o meio ambiente, mas o interessante é que ela busca o que ela mesma é: uma sintonia das notas.
Resumindo, a afinação é o constante aprimoramento da... afinação!

Daí a importância do “condicionamento” da afinação ser paralelo ao estudo da Música e/ou do instrumento.


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81- Sobre afinação: Uma mesma palavra ou expressão para diferentes direções...



O contrabaixo acústico é um instrumento sem trastes (traste se fosse bom, não teria esse nome, certo?).
Isso quer dizer que a afinação é feita nota por nota. O mesmo acontece com o violino, a viola e o violoncelo.

Ao começar o estudo do contrabaixo, o estudo da afinação acontece em paralelo.

Primeiramente, aprendemos a colocar os dedos nas cordas.
Até a forma da mão se definir, é necessário que o(a) professor(a) ajuste a afinação do(a) aluno(a) constantemente. Com o tempo, espera-se que esses ajustes sejam menos frequentes.

Nessas horas, "ponha o dedo mais para trás", "abra mais os dedos", "afine", são expressões corriqueiras.

Agora, quando se ouve "está alto", isso quer dizer que a afinação está alta, ou seja, que a nota está mais aguda do que deveria, e não que seja para abaixar o ombro naquele momento.

Quando se ouve "está baixo", isso quer dizer que a afinação está baixa, ou seja, que a nota está mais grave do que deveria, e não que seja para você deixar de ficar troncho no contrabaixo, pelo menos, não nessa hora...

Quando se está "alto", é preciso deixar a nota mais baixa (grave) para que ela fique afinada. Então a gente "desce" a afinação indo com o dedo mais para trás.

Até aí isso é bem simples de entender, só que quando a gente anda "para trás", a gente está indo com a mão para a parte mais alta do instrumento (em direção à voluta), ou seja, a nota “abaixa”, mas a mão está “subindo”.

Isso parece complicado, mas depois a gente acostuma: a afinação desce quando a mão vai para cima do contrabaixo (em direção à voluta).

A afinação sobe quando a mão vai para baixo do contrabaixo (em direção ao cavalete).


Conclusão inicial: Dependendo do ponto-de-vista, a gente pode descer para cima e subir para baixo, entendido?

Exemplo: numa escala de Dó Maior, dó-ré-mi-fá-sol-lá-si-dó, o movimento é ascendente, porque as notas estão subindo, certo?
Só que no instrumento, a sua mão esquerda (em movimento) estará "descendo" (indo para a parte mais aguda) e as posições estarão subindo (1ª, 2ª, 3ª, etc.).

Na mesma escala de Dó Maior, dó-si-lá-sol-fá-mi-ré-dó, o movimento é descendente, porque as notas estão descendo, ok?
Só que no instrumento, a sua mão esquerda (em movimento) estará "subindo" (indo para a parte mais grave) e as posições estarão descendo (5ª, 4ª, 3ª, etc.).

Conclusão final: ao ouvir "tá alto", desça a afinação, levando a mão para trás. Com isso você ABAIXA a afinação. Para efeito de afinação, você estará indo com os dedos “para trás”, mas para execução de uma sequência de notas descendentes, você estará “SUBINDO” no instrumento.

Ao ouvir "tá baixo", suba a afinação, levando a mão para frente. Com isso você SOBE a afinação. Para efeito de afinação, você estará indo com os dedos “para frente”, mas para a execução de uma sequência de notas ascendentes, você estará “DESCENDO” no instrumento.

Dedo: “para trás” (aberto em direção à voluta) e “para frente” (aberto em direção ao cavalete), “para cima” (apontado em direção à voluta), “para baixo” (apontado em direção ao cavalete);
Notas: “alta” (está mais aguda do que deveria), “baixa” (está mais grave do que deveria);
Posições: “sobem” (conforme vão ficando mais agudas) e “descem” (conforme vão ficando mais graves);
Mão numa mesma posição: “para trás” (em direção à voluta) e “para frente” (em direção ao cavalete);
Mão em movimento: “sobe” (em direção ao cavalete) e “desce” (em direção à voluta).

Entender esses "direcionamentos" e "condicionamentos" é um passo importante para você desenvolver o "dialeto contrabaixístico" e não ficar perdido nem quando o professor se dirigir a você, nem quando você estiver conversando com outros colegas de instrumento, ou mesmo dando aulas, etc.
Isso pode demorar um tempinho a acontecer, mas você e o contrabaixo só têm a ganhar com isso...


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80- Sobre afinação...



Penso que todos os métodos servem para afinação, porque tocar afinado é um requisito básico.

Os métodos que trabalham as posições da mão esquerda são ótimos e específicos para isso, especialmente aqueles que têm estudos com as células rítmicas repetitivas, porque assim a mão direita não tem muito trabalho, e dá para dar bastante atenção ao ouvido. Ex: estudos só em colcheias, estudos só em colcheias pontuadas com semicolcheia, etc.

Os estudos de escalas também são excelentes para isso.
Comece com uma escala e faça dois ou três dedilhados para ela. Por exemplo: Si Bemol -
(3ª corda) sib (dedo 1), dó (4);
(2ª corda) ré (corda solta), mib (1), fá (4);
(1ª corda) sol (corda solta), lá (2), sib (4).
ou
(3ª corda) sib (dedo1), dó (4);
(2ª corda) ré (corda solta), mib (1), fá (1); sol (4), lá (2), sib (4).
ou
(3ª corda) sib (1), dó (4), ré (2), mib (4);
2ª corda) fá (1), sol (4), lá (2), sib (4).

Depois faça os intervalos de terças:
(sib, ré) (dó, mib) (ré, fá) (mib, sol) (fá, lá) (sol, sib dedo 4)) (lá dedo 2, dó dedo 4) (sib dedo 1, sol) (lá dedo 2, fá) (sol, mib) (fá, ré) (mib, dó) (ré- sib) (dó, lá) (sib).

Depois estude as quartas, tomando muito cuidado com o paralelismo dos dedos. Eles se movem acompanhando a curvatura do braço do contrabaixo, e não em linha reta, pois senão as notas das cordas mais graves soam "altas" (de afinação).

As quintas também são muito importantes. Nesses intervalos cuide para que o dedo 1 fique sempre apontado para cima (em direção à voluta do instrumento). Se você deixá-lo curvado para baixo (voltado para o dedo 2), a afinação dele vai estar sempre alta. Se você precisar tocar quintas duplas (duas notas juntas) então, se o dedo 1 não estiver para trás, não terá um só intervalo de quinta afinado.
.
Daí faça as sextas, sétimas e oitavas.

Observações importantes:
a) Não faça tudo de uma vez só, para não sobrecarregar os seus braços e mãos;
b) Faça intervalos de 10 minutos a cada 50 minutos de estudo;
c) Quanto mais repetitivo for o estudo (no caso dos estudos com ritmos regulares) mais cuidado você terá que ter com seu braço direito e sua mão direita;
d) Quanto mais você precisar repetir o intervalo com a mão esquerda, seja para afinar, seja para memorizar melhor a distância, seja para treinar a mudança de posição, mais cuidado você terá que ter com seu braço esquerdo e sua mão esquerda.


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79- Contrabaixo & carro - regra importante...



Nunca deixe seu contrabaixo acústico sozinho no carro!

Caso 01: Há muitos anos, um aluno de contrabaixo deixou seu contrabaixo dentro de um fusquinha, em frente ao prédio onde ele morava (Copacabana), e subiu rapidamente para pegar sei-lá-o-que que ele havia esquecido no seu apto.
Quando ele desceu, tinham levado o contrabaixo... e mais o arco e... até a resina...

Caso 02: Em 2008, um contrabaixista profissional do interior de São Paulo, deixou mais uma vez seu contrabaixo acústico dentro do carro, em frente à escola de música onde ele dava aula, uma rotina de anos. Foi a última vez: quando ele voltou o contrabaixo tinha sido roubado e o vigia ainda disse que nada viu (?)...

Para que isso não aconteça com você, pense sempre que o contrabaixo pode ser um instrumento pouco portátil, mas muito versátil:
a) Romântico - adora ser convidado para jantar naquele restaurante especial pós-concerto ou show, na sua companhia e na daquela sua companhia, num agradável programa a três...
b) Sociável - adora ser convidado para jantar naquela churrascaria lotada naquele pós-concerto ou show da sua orquestra ou banda...


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78- Contrabaixo & carro - detalhes tão pequenos de nós dois ou três...



Na hora de levar um contrabaixo para passear no carro dos outros (táxi, carona, etc.), pense em algumas coisitas:

1) Deixe a história de que os opostos se atraem para os românticos e alienados da vida, porque contrabaixo grande entra mais fácil em carro grande. Mas se para aquele seu contrabaixo enorme, todos os corsinhas da rua insistirem em passar, resista e não faça sinal;

2) Da mesma forma, deixe o pensamento do “inversamente proporcional” para as aulas de matemática, porque ele só funciona de uma forma: contrabaixo pequeno para carro grande, certo?

3) Noções básicas de etiqueta: carona com o contrabaixo, se possível, somente a aceite se você for SOZINHO com o motorista. Se o carro for do tipo perua, somente a aceite com o motorista, o co-piloto e você no banco de trás SOZINHO.

Exceções:
a) Duas pessoas no banco de trás: só se a vítima que sentará ao seu lado no carro for uma pessoa muito próxima, que não vá se importar de sair do carro com a roupa completamente amassada;

b) Duas pessoas no banco de trás: só se você for magro ou se a outra pessoa for magra, porque dois gordos só poderão ocupar o mesmo banco de carro com mais um contrabaixo, se um for no colo do outro;

4) Não se esqueça de abaixar bem o espigão do contrabaixo, para que o mesmo não arranhe o painel do carro (ao entrar com a voluta primeiro) ou machuque o motorista (ao entrar com o bojo primeiro);

5) Ao entrar com o contrabaixo pelo bagageiro (carros tipo “perua”), abaixe o banco de trás, porque o contrabaixo costuma “entalar” entre a distância desse banco sem abaixar e o teto do carro, na hora de passar o cavalete.


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77- Como colocar e tirar um contrabaixo do carro - parte 2



Procedimento “b”- como colocar o contrabaixo:
a) Abra a porta do co-piloto (a da frente, do lado do motorista);

b) Abaixe o encosto do banco do co-piloto para trás;

c) Se o contrabaixo for grande, abaixe um pouquinho o encosto do banco do motorista também;

d) Segure o braço do contrabaixo com uma das mãos e a outra na lateral dele. Entre com a voluta (cabeça) do contrabaixo de lado, com o cavalete virado para o vidro dianteiro do carro;
e) Entre com o corpo de contrabaixo conforme explicado acima, mas com ele "embicado" para cima, de forma que pareça que ele vai levantar vôo, deixando a voluta (cabeça) mais alta do que o bojo do instrumento o suficiente para passar por cima do encosto do banco do motorista;

f) Vá "virando" o contrabaixo em sentido anti-horário, ao mesmo tempo em que tenta colocar a voluta (cabeça) o mais para trás do carro que você conseguir, porque assim sobrará mais espaço para o bojo (corpo) entrar pela porta. Note que o instrumento de lado fica alto e que, na hora de passar o bojo pela porta, às vezes é preciso “forçar” delicadamente o bojo para baixo;
g) Faça o movimento acima até conseguir deixar o contrabaixo deitado de lado no banco, paralelo às portas laterais do carro, de forma que a voluta (cabeça) fique no encosto do banco do motorista e o bojo fique no assento do banco do co-piloto;

h) Se houver necessidade, suba o encosto do banco do motorista novamente;

i) Se houver mais necessidade ainda, passe o cinto de segurança pelo contrabaixo (não me lembro se isso é possível, porque carrego do outro jeito).

Tempo aproximado para a execução do procedimento: 10 segundos.

Procedimento "b"- como tirar o contrabaixo:

a) Abra a porta do co-piloto (a da frente, do lado do motorista);
b) Tire o cinto (se usado). Segure com uma mão o braço do contrabaixo e passe a outra mão na lateral dele;
c) Levante o contrabaixo "embicando-o", de forma que a voluta (cabeça) fique bem mais alta que o bojo (corpo) dele;

d) Vá passando a voluta (cabeça) por cima do encosto do motorista (sentido horário), ao mesmo tempo em que passa o bojo (corpo) pela porta do co-piloto. Note que o instrumento de lado fica alto e que, na hora de passar o bojo pela porta, às vezes é preciso “forçar” delicadamente o contrabaixo para baixo;
e) Puxar o contrabaixo na sua direção e tirá-lo do carro ainda "de ladinho".

Tempo aproximado para a execução do procedimento: 10 segundos.


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76- Como colocar e tirar um contrabaixo do carro - parte 1



Existem duas formas de se colocar o contrabaixo num carro:
a) com o bojo do instrumento para trás;
b) com o bojo do instrumento para frente.

Procedimento "a"- como colocar o contrabaixo:

a) Abra a porta do co-piloto (a da frente, do lado do motorista);

b) Abaixe o encosto do banco do co-piloto para trás;

c) Se o contrabaixo for grande, abaixe um pouquinho o encosto do banco do motorista também;

d) Segure o braço do contrabaixo com uma das mãos e a outra na lateral dele. Entre com o bojo (corpo) do contrabaixo de lado, com o cavalete virado para o vidro dianteiro do carro. Isso costuma assustar os motoristas, mas, se o contrabaixo não for grande, não há necessidade dele sair do seu banco para ajudar a manobra, certo?

e) Entre com o corpo de contrabaixo conforme explicado acima, mas com ele "embicado" para cima, de forma que pareça que ele vai levantar vôo, deixando a voluta (cabeça) baixa o suficiente para passar por baixo da porta do co-piloto;

f) Passe a mão que está na lateral do contrabaixo para as costas dele e vá "virando" de barriga para cima o contrabaixo, ao mesmo tempo em que você o vai passando por cima do encosto do motorista (movimento anti-horário). Direcione o bojo bem para trás do carro, para que a voluta entre facilmente;
g) Acomode o contrabaixo deitadinho de barriga para cima no encosto do co-piloto, com a voluta no lugar onde ficariam os pés do co-piloto, se ele não tivesse sido destituído da função para o seu contrabaixo poder passear de carro;

h) Se houver necessidade, suba o encosto do banco do motorista novamente;

i) Se houver mais necessidade ainda, passe o cinto de segurança pelo contrabaixo.

Tempo aproximado para a execução do procedimento: 10 segundos.

Procedimento "a"- como tirar o contrabaixo:

a) Abra a porta do co-piloto (a da frente, do lado do motorista);

b) Tire o cinto (se usado). Segure com uma mão o braço do contrabaixo e passe a outra mão nas costas dele;
c) Levante o contrabaixo "embicando-o", de forma que o bojo (corpo) fique bem mais alto que a voluta (cabeça). Na posição em que ele viajou isso já aconteceu, mas é necessário que fique acima do banco do motorista;
d) Vá passando o bojo por cima do encosto do motorista (movimento horário), ao mesmo tempo em que passa a voluta por baixo da porta do co-piloto;

e) Vá virando o cavalete para o lado do vidro dianteiro, ao mesmo tempo em que você vai "desentortando" o contrabaixo, até deixá-lo (ainda embicado com o bojo para cima) paralelo ao vidro dianteiro do carro;

f) Puxar o contrabaixo na sua direção e tirá-lo do carro ainda "de ladinho".

Tempo aproximado para a execução do procedimento: 10 segundos.


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